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O ponto de partida do projeto curatorial da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, originalmente planejada para 2020, foi o desejo de ampliar a mostra no tempo e no espaço, estendendo sua duração ao longo de vários meses e expandindo a presença dos artistas participantes por meio de uma inédita parceria com mais de vinte instituições na cidade. A pandemia de Covid-19 e as diversas crises acentuadas por ela trouxeram mudanças na coreografia imaginada inicialmente e o adiamento para 2021 da grande exposição coletiva, mas também reforçaram a pertinência de uma mostra em constante transformação e afinação, que busca refletir sobre si mesma publicamente, como num grande ensaio aberto que, com a inauguração da exposição Faz escuro mas eu canto, em setembro de 2021 no Pavilhão da Bienal, alcançou seu momento de maior intensidade. Na mostra, obras de mais de noventa artistas, muitas delas comissionadas especificamente para a ocasião, foram articuladas ao longo do percurso expositivo ao redor de uma série de enunciados: imagens, objetos, documentos carregados de histórias marcantes e complexas, que pontuaram a 34ª Bienal para fazer reverberar mais intensamente algumas das questões que as obras ao redor suscitam.

Linha do tempo da 34ª Bienal
8 fev 2020
A Maze in Grace
Performance de Neo Muyanga com Coletivo Legítima Defesa + Bianca Turner

8 fev – 15 mar 2020
Exposição individual
Ximena Garrido-Lecca

16 set 2020
Lançamento da campanha A Bienal tá on e da programação digital da 34ª Bienal

14 nov – 13 dez 2020
Vento
Exposição coletiva

4 set – 5 dez 2021
Faz escuro mas eu canto
Exposição coletiva

+ exposições da rede de instituições parceiras

Presidente: José Olympio da Veiga Pereira
Curador geral: 
Jacopo Crivelli Visconti
Curador adjunto: Paulo Miyada
Curadores convidados: Carla Zaccagnini, Francesco Stocchi, Ruth Estévez
Curadora assistente: Ana Roman

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plantas

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“O ponto de partida do projeto curatorial da 34ª Bienal de São Paulo foi o desejo de desdobrar a mostra, ativar cada momento de sua construção e aguçar a vitalidade de uma exposição desta escala. Buscando dialogar com os públicos, tão amplos e tão distintos, que visitam a Bienal há décadas, propusemos expandir esta edição no espaço e no tempo. Inaugurada oficialmente com uma performance e uma exposição individual no dia 8 de fevereiro de 2020, a Bienal continuaria em eventos realizados em parceria com diversas instituições culturais da cidade e se encerraria ao final de sua grande mostra coletiva neste pavilhão, em dezembro do mesmo ano. No novo cenário imposto pela pandemia de Covid-19, vários aspectos dessa coreografia foram redesenhados, exposições e performances previstas foram canceladas e a mostra Vento tomou corpo, perpassada pelas distâncias e ausências que ainda nos assolam. Um longo ano mais tarde, seguimos acreditando no potencial de uma mostra concebida para multiplicar as oportunidades de encontro entre obras e pessoas, em que suas singularidades possam se cruzar e se transformar. Certamente, esta Bienal não é a mesma que se veria um ano atrás. Algumas obras se verão mais claras, outras mais opacas; algumas mensagens soarão como gritos, outras chegarão como ecos. Não precisamos entender tudo, nem nos entender todos; trata-se de falar nossa língua sabendo que há coisas que outros idiomas nomeiam e nós não sabemos expressar”.

CRIVELLI VISCONTI, Jacopo et al. In DYANGANI OSE, Elvira (ed.). Guia 34ª Bienal de São Paulo: Faz escuro mas eu canto. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2021, p.5 (guia de exposição)

“A Bienal não foi concebida a partir de um tema, ou de um conjunto de temas, mas de duas premissas metodológicas centrais: fazer das obras (e não de uma ideia) a pedra fundamental do processo de construção da exposição e ampliar a mostra, desdobrá-la, ativar cada momento dessa construção. Começamos, então, falando de artistas e de obras, buscando as relações, os possíveis pontos de contato ou interseção, instigados, muitas vezes, mais pelas fricções e pelos atritos do que pelas analogias. A exposição é o lugar dessas fricções e desses atritos, que são abertos, plurais e em transformação; nunca definidos, cristalizados, unidimensionais. Porque cada uma das obras que compõem uma exposição pode ser lida e entendida de muitas maneiras diferentes, e porque cada um dos muitos visitantes de uma bienal tem sua maneira de entender as obras, a exposição, o mundo.”.

CRIVELLI VISCONTI, Jacopo. “Tornar-se”. In: Catálogo da exposição 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2021, p.309 - 310.

“Há, também, a estratégia curatorial de organizar as obras e os temas desta Bienal em torno do que chamamos de ‘enunciados’: objetos, imagens, documentos que não se enquadram especificamente na categoria de obras de arte e que estão impregnados de história. Apontando tanto para acontecimentos de séculos ou décadas atrás quanto para eventos recentes, esses enunciados são a materialização, no espaço expositivo da 34ª Bienal, do que tenho chamado de máquina mnemônica prospectiva. A conexão de cada um deles com a história se faz evidente desde a leitura do texto que o apresenta; o mais importante, porém, se dá no que não pode ser colocado em palavras: na relação da narrativa dos enunciados com as obras dos artistas que se apresentam em sua vizinhança.”.

MIYADA, Paulo. “A manhã vai chegar”. In: Catálogo da exposição 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2021, p.37.

“O calendário da 34ª Bienal de São Paulo teve início antecipado no último sábado (8). Em seu formato expandido, o mais importante evento de artes visuais do Brasil, que tem como tronco a mostra tradicional no mês de setembro, ganhou braços e pernas ao longo de 2020. A programação teve como ponto de partida a performance do artista sul-africano Neo Muyanga (...). Junto com vinte integrantes do coletivo Legítima Defesa e a brasileira Bianca Turner, ele realizou uma performance que ocupou os três pisos do pavilhão Ciccillo Matarazzo. Na ocasião, diversas vozes entoaram A Maze in Grace, composição forte com uma importante mensagem antirracista. Outro acontecimento que marca o começo da Bienal é a exposição da artista peruana Ximena Garrido-Lecca, localizada em uma porção do 3º andar. Composta de nove obras, a individual evidencia questões como o colonialismo e as discussões sobre as consequências do domínio europeu em países americanos, africanos e asiáticos. ”.

ASSIS, Tatiana de. 34ª Bienal de São Paulo dá início à calendário com duas mostras. Veja São Paulo, São Paulo, 14 fev. 2020. Coluna Arte ao redor. Disponível em: Acesso em: 7 jan. 2022.

“Lar de eventos que costumam atrair multidões, como a SP-Arte, é estranho ver o pavilhão Ciccillo Matarazzo, no parque Ibirapuera, vazio como agora. O branco impera. As curvas dos mezaninos parecem ainda mais impetuosas, formando o que parece de longe uma fortaleza desenhada à mão livre. Esse vazio espacial é central na concepção de ‘Vento’, espécie de prévia da 34ª Bienal de São Paulo que tem início neste fim de semana. Para explicar a mostra, Jacopo Crivelli Visconti, diretor artístico desta edição, faz um paralelo com a obra que batiza a mostra —’Wind’, da pioneira da performance americana Joan Jonas. Da mesma forma como no vídeo os bailarinos ilustram a força do vento ao tremer de frio, na exposição as poucas obras espalhadas por quase 25 mil metros quadrados chamam atenção para a distância entre elas. O vazio não faz, porém, com que o visitante se sinta isolado. Como boa parte dos trabalhos fazem uso de sons —quase dois terços dos 21 artistas participantes exibem instalações sonoras e vídeos—, ele parece estar o tempo todo acompanhado de vozes. ”.

BALBI, Clara. Bienal de São Paulo esvazia pavilhão no Ibirapuera para fazer ecoar vozes ancestrais. Folha de S. Paulo, São Paulo, 13 nov. 2020. Ilustrada. Disponível em: Acesso em: 7 jan. 2022.

“Essa intenção propositiva já está no nome da Bienal que começa agora —Faz escuro, mas eu canto. A sonoridade que o verso de Thiago de Mello evoca permeia, por exemplo, os cantos maxacalis que tocarão em parte do pavilhão, e a instalação da nigeriana Zina Saro-Wiwa, onde se escuta uma antiga árvore chamada ‘Kum’ que ocupa um lugar central numa das aldeias do vídeo que a artista apresenta. E cosmologias indígenas parecem ser fundamentais nos trabalhos que pensam outras possibilidades de existência em meio às crises atuais nesta que é a edição do evento com maior protagonismo de povos originários. Curador-adjunto da Bienal, Paulo Miyada afirma que esta edição aprofunda algo que está na história do evento, a de ser uma ‘máquina que faz leituras da história e tenta apontar futuros’. ‘A presença dos artistas indígenas tem um sentido prospectivo, porque faz pensar que até um tempo não estávamos ouvindo essas vozes. Se eles estão aqui, não podem mais se retirar’, afirma Miyada. ‘É uma nova voz que daqui em diante estará no debate, e isso antevê que o circuito só pode se transformar.”.

MORAES, Carolina. Bienal de São Paulo aposta em mitologias alternativas para debelar o fim do mundo. Folha de S. Paulo, São Paulo, 31 ago. 2021. Ilustrada. Disponível em: . Acesso em: 7 jan. 2022.

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