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22 Set 2021
Faixa 13: Hsu Che-Yu
Hsu Che-Yu, <i>Single Copy</i> 副本人 [Cópia única], 2019. Instalação de vídeo com escultura, 21'17''. Coleção do artista. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo
Hsu Che-Yu, Single Copy 副本人 [Cópia única], 2019. Instalação de vídeo com escultura, 21'17''. Coleção do artista. © Levi Fanan / Fundação Bienal de São Paulo

bienal · 12 - Hsu Che-Yu

Nesta sala fechada, encontramos a videoinstalação de 2019 intitulada "Single Copy", ou, em português, "Cópia única", do taiwanês Hsu Che-Yu.

Che-Yu nasceu em 1985 e vive em Taipei. Para realizar esta obra, ele parte de um grande evento midiático que aconteceu em seu país antes mesmo dele nascer. 

O vídeo investiga as memórias de Chang Chung-I, que nasceu unido pelo tronco ao seu irmão siamês Chang Chung-Jen durante o período em que uma lei marcial mantinha Taiwan sob rígido controle da República Popular da China.

Em 1979, a cirurgia de separação desses irmãos foi televisionada para toda Taiwan e acabou virando uma metáfora da separação geopolítica da nação. A cirurgia foi um sucesso, e os irmãos cresceram como celebridades. Chang Chung-I, o irmão com quem Che-Yu trabalhou na obra, inclusive se tornou ator. 

O vídeo tem duração de cerca de 21 minutos com áudio em chinês e legendas em português. Ele mostra Chung I, um homem asiático de 44 anos, que tem cabelos pretos lisos e anda apoiado em muletas por uma das pernas. Ele passa por cenários corriqueiros de sua cidade e visita lugares familiares para ele e para o irmão. O vídeo biográfico tem um tom melancólico e reflexivo. 

Chung I realiza ações banais: examina o próprio apartamento e objetos que lembram seu irmão; dá voltas no mesmo lugar em seu triciclo motorizado; visita um lugar montanhoso. Em alguns momentos, a câmera passeia bem de perto sobre marcas em sua pele. Depois, uma projeção 3D coloca os filhos e a esposa diante dele. E, quase no fim, são mostradas imagens dele e seu irmão em uma estação de esqui. 

Com uma voz em off, ele faz reflexões sobre sua condição e a morte de seu irmão, que aconteceu em 2019. Ele cria, com esses fatos, um diálogo existencial a partir de conceitos como perfeição e imperfeição.  

O filme termina com Chang Chung I tirando um molde de seu corpo, algo que remete à sua infância. Antes da operação que o separou de seu irmão, os médicos tentaram tirar um molde em silicone de seus corpos unidos, mas isso foi impossível porque os bebês não ficavam parados. Agora, um Chung I adulto e enlutado faz um molde de seu tronco, quadril, parte dos antebraços e parte da coxa de sua única perna.

Uma das peças produzidas com esse molde complementa a videoinstalação. Trata-se da escultura de uma perna humana, uma reprodução de 70 cm de altura da perna que ficou com Chang Chung I – unidos pelo tronco, a outra perna ficou com seu irmão. Sua presença alude ao suporte que eles representavam um para o outro e à falta que restou após a morte de Chung-Jen.