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22 Set 2021
Faixa 10: Juraci Dórea
Vista da série <i>Estandarte do Jacuípe</i> de Juraci Dórea na 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan /Fundação Bienal de São Paulo
Vista da série Estandarte do Jacuípe de Juraci Dórea na 34ª Bienal de São Paulo. © Levi Fanan /Fundação Bienal de São Paulo

bienal · 09 - Juraci Dórea

Chegamos agora às obras de Juraci Dórea.

O artista nasceu em 1944, em Feira de Santana, na Bahia. Em seu trabalho, ele mescla linguagens visuais contemporâneas com raízes e tradições sertanejas, criando uma poética própria e sintética. 

Aqui vemos obras da série Estandartes de Jacuípe, que são composições abstratas ritmadas e simétricas feitas com couro de boi tratado e costurado com os mesmos processos usados para produzir selas e vestimentas de vaqueiros.

Os estandartes surgiram em 1974 a partir da pesquisa material que Dórea estava desenvolvendo sobre o couro. O título vem do Rio Jacuípe, porque é um rio que banha Feira de Santana e está associado à criação do gado. 

Na série, ele parte de uma peça que geralmente está ligada a contextos nobres ou sagrados, o estandarte, mas a insere no universo sertanejo, relacionando-a com a figura do vaqueiro e da vaquejada e ao imaginário da região de Jacuípe. Para isso, ele incorpora recriações de elementos que observava no cotidiano dos vaqueiros, como os signos de sua indumentária, os ferros de marcar gado e os ferros das selas. 

Dos quatro estandartes aqui expostos, vou descrever o Estandarte do Jacuípe XXXVIII, criado em 1983. Feito em couro, nanquim, metal e madeira, ele tem um metro e dezoito centímetros de altura por sessenta e cinco centímetros de largura. Na sua parte superior há sete furos com ilhoses onde tiras de couro prendem o estandarte a uma ripa de madeira. Na parte inferior, o couro é recortado formando um acabamento arredondado. 

No centro da obra, acima e abaixo de uma forma circular, figuras brancas com detalhes em preto e marrom formam uma espécie de brasão dentro de um retângulo que deixa à mostra o fundo de couro. Em torno deste retângulo, uma camada em tom alaranjado com bordas circulares e linhas retangulares se destacam sobre o fundo preto do couro recortado.

A última camada, de dentro para fora, tem o tom marrom escuro do couro e, nas duas laterais, um ornamento branco, com duas linhas horizontais. Na parte central inferior dessa camada há ainda mais um ornamento branco, em formato retangular vertical, com a ponta de baixo recortada como se tivesse três pétalas, lembrando uma flor de lis virada de cabeça para baixo.