Agora vemos o filme Wind – que, em português, quer dizer "vento" – uma obra da artista estadunidense Joan Jonas produzida em película de 16 milímetros, em preto e branco e transferida para o formato digital. É um filme mudo com cinco minutos e 37 segundos de duração, que aqui é exibido em uma tela com quatro metros de largura e três metros e meio de metros de altura
Realizado na praia de Long Island, no estado de Nova York, nos Estados Unidos, em um dos dias mais frios do ano de 1968, o filme traz Joan Jonas e seis performers que se colocam em diferentes situações diante da câmera operada por Peter Campus. Suas pesadas roupas de frio tremulam contra a violência do vento, que também move um tecido branco, meio transparente, mobilizado por eles.
Com o mar ao fundo e sobre a areia congelada, os dançarinos combinam gestos ora banais ora enigmáticos, que transitam entre coreografia, cerimônia e improvisação. Eles exploram situações de desequilíbrio, apoiando-se uns nos outros à medida que o vento desafia sua resistência e se torna visível por meio de seus corpos, e o simples ato de caminhar contra ou a favor dele muda a qualidade de seus movimentos.
A obra termina com pesadas nuvens se movimentando rapidamente, levadas pela ventania. Além das pesadas correntes de ar que se fizeram visíveis nos corpos dos performers, outro elemento, o frio, também ganhou materialidade na obra, mas por meio dos danos que causou à película, a qual chegou a congelar devido às baixas temperaturas.
Joan Jonas é uma pioneira da videoarte que desenvolveu um estilo único, no cruzamento entre performance, ação e vídeo. Aqui ela explora elementos fundamentais como o ar e a água em uma paisagem grandiosa, colocando os performers em uma relação de pequenez e fragilidade com relação às forças da natureza – as quais, por outro lado, não poderiam ser realmente visíveis sem a presença dos dançarinos.