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15 Dez 2021
Conheça curador e artista a representar o Brasil na 59ª Bienal de Veneza
Jonathas de Andrade. Foto: Jéssica Bernardo. Cortesia do artista
Jonathas de Andrade. Foto: Jéssica Bernardo. Cortesia do artista
Pavilhão do Brasil terá curadoria de Jacopo Crivelli Visconti e exposição de Jonathas de Andrade

A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a nomeação de Jacopo Crivelli Visconti como curador da participação nacional do Brasil na 59. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia. Crivelli Visconti foi curador geral da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, que fechou dia 5 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo. 

José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal, explica que “além de ser tradicional atribuir ao curador da Bienal de São Paulo a curadoria da representação brasileira da Bienal de Veneza, a escolha de Jacopo Crivelli Visconti se deve ao amplo conhecimento que o curador demonstra sobre a arte contemporânea brasileira, à sua experiência prévia como curador de mais de uma representação nacional em Veneza, à sua boa integração com a equipe da Fundação e à afinidade entre os conceitos mobilizados por ele na 34ª Bienal de São Paulo e aqueles propostos pela 59ª Bienal de Veneza”. 

Para representar o Brasil na mais antiga Bienal do mundo, Crivelli Visconti, por sua vez, selecionou o artista alagoano Jonathas de Andrade (1982, Maceió, AL, Brasil), um dos artistas brasileiros mais representativos de sua geração – que, inclusive, participou da 32ª Bienal de São Paulo (2016) com a videoinstalação O Peixe [The Fish], depois exibida, no ano seguinte, em exposição individual no New Museum (Nova York, EUA), e da 29ª Bienal de São Paulo (2010). “O artista busca em seus trabalhos a ideia de uma cultura autenticamente popular, em todas as possíveis acepções e na intrínseca complexidade dessa definição. O corpo, principalmente masculino, é o eixo norteador para abordar temas como o universo do trabalho e do trabalhador, e a identidade do sujeito contemporâneo, por meio de metáforas que oscilam entre a nostalgia, o erotismo e a crítica histórica e a política”, afirma o curador do Pavilhão do Brasil. 

Para esta edição, Andrade está trabalhando em uma instalação inédita, comissionada para a ocasião, em diálogo com o tema da edição. ''O convite é uma surpresa e uma honra. Entretanto, a ideia de representar o Brasil hoje, seja onde for, é antes de tudo um desafio pela responsabilidade diante do quadro de complexidades cruciais que o país enfrenta. Que a arte consiga traduzir o embaraço que é viver nos nossos tempos e que inspire sonhos que permitam desatar esses nós'', afirma o artista. 

Com curadoria de Cecilia Alemani, a Biennale Arte 2022 toma seu título do livro The Milk of Dreams [O leite dos sonhos] da artista surrealista Leonora Carrington (1917, Reino Unido – 2011, México). Para Alemani, "a artista descreve um mundo mágico em que a vida é constantemente repensada através do prisma da imaginação, e onde todos podem mudar, ser transformados, tornar-se outra coisa e outra pessoa. A exposição nos leva a uma jornada imaginária pelas metamorfoses do corpo e das definições de humanidade." 

A participação brasileira na 59. Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia

A prerrogativa da Fundação Bienal de São Paulo na realização da representação oficial do Brasil na 59ª Mostra Internacional de Arte da Bienal de Veneza é fruto de uma parceria com a Secretaria Especial da Cultura, responsável pelo desenvolvimento da política de intercâmbio cultural do país. As participações brasileiras nas Bienais de Arte e Arquitetura de Veneza ocorrem no Pavilhão do Brasil, construído em 1964 a partir de um projeto de Henrique Mindlin e mantido pelo Ministério das Relações Exteriores.

Sobre Jonathas de Andrade
Jonathas de Andrade (1982, Maceió, AL) vive e trabalha em Recife (PE). Desenvolve vídeos, fotografias e instalações a partir da produção de imagens, utilizando-se de estratégias que misturam ficção, realidade, tradição e negociação. Um de seus projetos mais emblemáticos é o conjunto de trabalhos que de Andrade reúne no Museu do Homem do Nordeste, concebido como possível contraponto ao museu antropológico criado em 1979 por Gilberto Freyre, ainda existente na cidade do Recife. Enquanto o museu original revisa a história colonial e a identidade da região a partir de uma reunião de artefatos e objetos históricos, de Andrade desloca seu olhar para as pessoas, deixando transparecer a maneira como as relações de poder e de classe carregam os rastros e as consequências da história. Outros trabalhos recentes, como Jogos dirigidos (2019) e Infindável mapa da fome (2019-2020) nascem de um processo de convivência e troca com comunidades de lugares distintos do Brasil e que carregam as marcas de processos históricos muito específicos, resultando em trabalhos autenticamente colaborativos, onde a própria noção de autoria se dissolve e se torna mais complexa. Entre suas exposições individuais, estão Jonathas de Andrade: Um pra Um, Museum of Contemporary Art Chicago, (2019); O Peixe, New Museum, Nova York, EUA (2017); On Fishes, Horses and Man, The Power Plant, Toronto, Canadá (2017); Visões do Nordeste, Museo Jumex, Cidade do México (2017); Museu do Homem do Nordeste, MAR – Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, RJ (2014-2015). Dentre as exposições coletivas de que participou, destacam-se a 16ª Bienal de Istambul, Turquia (2019); Artapes, MAXXI: National Museum of XXI Century Arts, Roma, Itália (2018); 32ª e 29ª Bienal de São Paulo, SP (2016 e 2010); Unfinished Conversations: New Work from the Collection, MoMA – Museu de Arte Moderna, EUA (2015); e Under the Same Sun: Art from Latin America Today, Museu Guggenheim, New York, EUA (2014).

Sobre Jacopo Crivelli Visconti
Curador e crítico de arte radicado em São Paulo, Jacopo Crivelli Visconti (1973, Nápoles, Itália) é curador geral da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto (2020-2021). Doutor em Arquitetura pela Universidade de São Paulo – USP, foi membro da equipe da Fundação Bienal de São Paulo entre 2001 e 2009, quando realizou a curadoria da participação oficial brasileira na 52ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia (2007). Entre seus trabalhos recentes estão: Untimely, Again, Pavilhão da República de Chipre na 58ª Biennale di Venezia, Itália (2019); Brasile – Il coltello nella carne, PAC – Padiglione d’arte contemporanea, Milão, Itália (2018); Matriz do tempo real, MAC USP, Brasil (2018); Memories of Underdevelopment, Museum of Contemporary Art of San Diego, EUA (2017); Héctor Zamora – Dinâmica não linear, Centro Cultural Banco do Brasil, São Paulo (2016); Sean Scully, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil (2015); Ir para volver, 12ª Bienal de Cuenca, Equador (2014). É autor de Novas derivas (WMF Martins Fontes, São Paulo, Brasil, 2014; Ediciones Metales Pesados, Santiago, Chile, 2016). Colabora regularmente com publicações de arte contemporânea, arquitetura e design, além de escrever para catálogos de exposições e monografias de artistas.