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17 Jun 2021
Arquivo Bienal a partir do olhar dos artistas - parte 2
Saiba mais sobre cinco nomes da arte contemporânea brasileira e mundial e material correspondente encontrado no Arquivo Bienal

O Arquivo Histórico Wanda Svevo, também conhecido como Arquivo Bienal, é um dos mais importantes repositórios documentais sobre arte moderna e contemporânea da América Latina. Foi concebido em 1955 por Wanda Svevo, então Secretária do Museu de Arte Moderna de São Paulo (instituição que organizou as Bienais de São Paulo até 1962) para dar suporte para a realização das Bienais. 

O apoio do Programa Municipal de Apoio a Projetos Culturais (PROMAC) 2020, que tem como objetivos apoiar e reconhecer ações culturais e proteger o patrimônio material e imaterial de São Paulo, é fundamental para a manutenção do Arquivo Bienal. Para difundir seus conteúdos, temos compartilhado mensalmente no nosso Instagram algumas imagens e histórias salvaguardadas no nosso acervo.  Agora, aprofundamos aqui na parte 2 em torno de cinco desses documentos que se referem a importantes nomes da arte contemporânea brasileira e mundial. A parte 1, com mais quatro artistas está aqui. 

Quer pesquisar no Arquivo? Acesse o banco de dados com mais de 250 mil registros e para solicitar uma pesquisa específica, preencha este formulário

 

Maria Martins

Escultora, desenhista, gravadora e escritora, Maria Martins foi uma figura decisiva para que a Bienal ganhasse força e adesão internacional nas suas primeiras edições, sendo inclusive premiada na 3ª Bienal com a obra A soma de nossos dias (1954 – 1955). No Arquivo Bienal encontramos registros de sua participação na 1ª Bienal de São Paulo (1951), imagens de bastidores da inauguração e também inúmeras fotografias de suas esculturas. Confira mais sobre a colaboração do Arquivo na exposição retrospectiva da artista, realizada no MAM-SP, em 2013. 

Martins foi uma das primeiras artistas brasileiras a experimentar questões relacionadas a sexualidade nas artes visuais e uma das principais escultoras ligadas ao movimento surrealista. Na 19ª Bienal de São Paulo (1987), dez anos depois da sua morte, sua obra foi incluída na exposição Imaginários Singulares, ao lado de artistas como Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Teresa D’Amico, Oswaldo Goeldi, Alberto da Veiga Guignard e Tunga. Em texto para o catálogo, o curador da exposição Ivo Mesquita afirma sobre a obra de Martins: “Aspira a algo grande, majestoso, mas se dilacera na impossibilidade da própria grandeza de seu discurso. Por isso, vive nesse limiar, sempre a um passo além ou aquém da escultura: vive nessa dúvida, desejando incessantemente ostentar uma potência que ultrapassa até o infinito”. 

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Van Gogh

Sala Especial: Vincent van Gogh na 5ª Bienal de São Paulo (1959). Foto de Athayde de Barros / Fundação Bienal de São Paulo

O que essas freiras estão olhando? Registros fotográficos curiosos foram realizados durante a 5ª Bienal de São Paulo, primeira vez que uma edição da Bienal exibiu obras do pintor holandês Van Gogh (1853 1890). As imagens foram feitas por Athayde de Barros, importante artista dos anos 50 que apresentou a fotografia para Geraldo de Barros (1923 – 1998), um dos grandes nomes da arte brasileira. 

 A sala especial dedicada a Van Gogh na 5ª Bienal tinha cerca de quinze pinturas – veja a lista completa no catálogo da edição. Na 24ª Bienal de São Paulo, por sua vez, foram expostas obras de diferentes fases do artista, apresentadas a partir de possíveis relações com a antropofagia, tema geral desta Bienal. “Identificamos a antropofagia na obra de Vincent ao constatar que frequentemente ele usava como guia a composição de obras de outro artista, sem copiá-las às cegas”, afirma Pieter Th. Tjabbes, curador da sala “Van Gogh em São Paulo”. 

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Max Ernst

Considerado um dos fundadores do Surrealismo, Max Ernst (1891-1976) participou da 1ª, 8ª e 24ª edições da Bienal de São Paulo. Em suas pinturas, realizadas geralmente com cores brilhantes, Ernst associava elementos demoníacos, absurdos, eróticos e fabulosos com elementos grotescos irracionais e estranhos, a fim de expressar sua subjetividade e seus processos conscientes e inconscientes. O pintor também foi conhecido de Maria Martins, artista abordada nesta newsletter. No catálogo Núcleo Histórico da 24ª Bienal, você encontra mais curiosidades sobre os artistas presentes na mostra. Leia aqui

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Djanira da Motta e Silva

O Arquivo Bienal possui mais de 60 mil imagens em suportes flexíveis, o que inclui negativos e positivos (slides).  Desses, cerca de 47 mil  já foram identificados, catalogados e acondicionados. Para estancar o processo de deterioração e preservar os originais,  o Arquivo está realizando o congelamento de cerca de 40 mil dos itens já tratados, uma metodologia já consolidada na área de conservação de acervos.  Além desse processo, o Arquivo Bienal está priorizando a digitalização de documentação iconográfica, entre ampliações fotográficas e os fotogramas em suportes flexíveis (filmes), como forma de preservação e ampliação do acesso ao acervo.

A imagem acima são slides da artista Djanira da Motta e Silva (1914 – 1979). Autodidata e de origem trabalhadora, participou da 2ª Bienal de São Paulo (1953) e da mostra Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras (1984). 

 Em suas obras, Motta e Silva transita entre pinturas profundamente engajadas com a realidade da época e a criação de um imaginário popular com base na cultura e cotidiano brasileiros, muitas vezes marginalizados pelas elites. A religiosidade afro-brasileira e católica, os povos indígenas Canela do Maranhão, paisagens brasileiras e festejos populares  estão presentes em seus trabalhos. Veja algumas de suas obras no catálogo da mostra Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras (1984). 

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Liuba Wolf

Ao lado de Maria Martins, Pola Rezende, Mary Vieira, Felícia Leirner, Sonia Ebling e Zélia Salgado, Liuba Wolf (1923 – 2005), bulgara radicada em São Paulo, é considerada uma das pioneiras entre as artistas mulheres que se dedicaram à arte de esculpir no século 20. 

A artista participou de quatro Bienais de São Paulo (1963, 1965, 1967 e 1973). Em entrevista para o livro Liuba: At the Edge of Abstraction [Liuba, no limite da abstração], ela fala sobre suas esculturas, no limiar da abstração e da figuração, e sua sinergia com arquitetura e paisagismo: "Para mim, eles são animais. Mas eu não posso explicar de onde eles vêm, deve ser do meu subconsciente. Suas formas, mesmo que reconhecíveis, são de fato uma simbiose entre vegetal e animal”. 

 

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