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17 Abr 2013
Alex Vallauri ao alcance de todos
Dossiê revela documentos e vídeos sobre o repertório do artista e a famosa instalação 'Festa na Casa da Rainha do Frango Assado'

Nascido na Etiópia, em 1949, e de nacionalidade italiana, o artista Alex Vallauri veio para São Paulo em meados da década de 1960. Apesar da morte precoce aos 37 anos, Vallauri é um dos expoentes da chamada Geração 80 e ficou conhecido como o precursor do graffiti no Brasil.

Em seu dossiê no acervo da Bienal há documentos provenientes de dois momentos do artista relacionados ao MAM/SP. O primeiro deles, um convite de sua exposição inaugural individual em 1970, na Associação dos Amigos do Museu de Arte Moderna, antiga sede do MAM/SP na Rua 7 de abril:

 

Depois, um recorte de jornal que mostra Vallauri (poucos dias antes de partir para Nova York) e o painel que grafitou em 1982 junto aos artistas Carlos Matuck e Waldemar Zeidler Júnior, na entrada do MAM no Parque Ibirapuera:

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Jornal da Tarde, 31 de março de 1982

Vallauri participou nas seguintes edições das Bienais de São Paulo: 11ª (1971), 14ª (1977), 16ª (1981) e 18ª (1985). Além disso, também esteve nas mostras intermediárias realizadas pela Fundação Bienal: Pré Bienal (1970), Brasil plástica-72 (1972), A trama do gosto (1987) e Bienal Brasil século XX (1994).

"Alex Vallauri começou com seus grafites em 78, quando surgiu nos muros de São Paulo uma enigmática bota de cano longo. A bota logo recebeu uma perna, umas luvas negras e acabou se tornando o personagem principal de sua obra, A Rainha do Frango Assado, uma das vedetes da Bienal de 1985, que virou coreografia em 1987" – sintetiza o jornalista Jotabê Medeiros (O Estado de São Paulo, 27/03/1988).

A proposta de Vallauri para a 14ª Bienal, uma projeção audiovisual com imagens que ele colecionava de arte urbana, nomeada Ao alcance de todos, já apontava para o que realmente o movia como artista: "imagens de restaurantes de beira de estradas à arte lisérgica dos fliperamas, (...) integrando a decoração de bares, padarias, lanchonetes (...), lugares públicos que podem passar desapercebidos, sendo que representam grande parte da informação estética da população de nossa cidade que, em sua maioria, não tem acesso ao circuito de galerias e museus".

De fato, esse parecia ser o grande lema de Valllauri, em suas palavras: "Enfeitar a cidade, transformar o urbano com uma arte viva, popular, de que as pessoas participem, acrescentado ou tirando detalhes da imagem...essa é a minha intenção." Em relação a sua atividade como artista urbano, costumava dizer que "poderia ser chamada de desempenho anônimo", uma vez que "o público só vê as marcas que ficam nos muros".

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A Rainha do Frango Assado em Pic-nic no Glicério (detalhe), de Alex Vallauri ©Kenji Ota

Uma de suas obras mais famosas, realizada dois anos antes de sua morte para a 18ª Bienal (1985), foi uma "casa-grafite" apelidada de Festa na Casa da Rainha do Frango Assado. Sua proposta foi reunir grafites de sua autoria, espalhados pela cidade, em uma grande celebração, como descreve em carta enviada para a curadora Sheila Leirner:

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Carta de Alex Vallauri para Sheila Leirner em 5 de maio de 1985

A personagem da Rainha do Frango Assado chegou a ser interpretada por uma amiga de Vallauri, a atriz Claudia Raia, na época com 18 anos de idade e estrelando a novela Roque Santeiro. Ao chegar para a gravação de seu vídeo oficial na instalação (vide abaixo), a atriz disse que "não imaginava que este ambiente fosse tão louco, cafona e alegre ao mesmo tempo." E definiu a personagem: "A Rainha é uma pessoa consumista, sem critérios. A proposta estética do Vallauri reflete a atualidade de um Brasil que se está assumindo". (Jornal da Tarde, 3/12/1985)

A seguir, parte do programa 'A Grande Tela' realizado pela RTC (Rádio e Televisão Cultura São Paulo) sobre a 18ª Bienal com a instalação Festa na Casa da Rainha do Frango Assado:

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