A 32ª Bienal de São Paulo tem datas definidas: 7 de setembro a 11 de dezembro de 2016. O curador Jochen Volz já apresentou os primeiros conceitos de seu trabalho, além da equipe internacional escalada para assessorá-lo na concepção da mostra, composta por Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México).
Em consonância com questões que norteiam a produção artística atual e amparado por visitas reiteradas a ateliês de artistas, exposições e galerias, Jochen propõe o conceito de “medidas da incerteza”, capaz de aglutinar diferentes tópicos e preocupações da atualidade.
Medidas da Incerteza
Inspirado por disciplinas que vão da termodinâmica à teoria da informação, Volz parte do conceito de “incerteza” e “entropia” para pensar a “proximidade que um sistema está do equilíbrio ou da desordem”, lembrando que tentativas de quantificação da incerteza podem ser encontradas em muitas disciplinas, da matemática à astronomia, passando pela lingüística, biologia, sociologia, antropologia e história.
De acordo com Volz, a arte, diferentemente de outras disciplinas, aponta para a desordem no sistema, levando em conta a ambigüidade e a contradição. Trata-se, nesse caso, de contar o incontável ou mensurar o imensurável. Justamente por ser uma disciplina especulativa, a arte pode fornecer estratégias para a vida em uma era de incerteza.
“Temos consciência de que as formas clássicas de deliberação e tomada de decisões governamentais começaram progressivamente a fracassar, que valores há muito vigentes se dissolvem e que algumas de nossas premissas éticas básicas estão sendo violadas em diversas partes do planeta”, escreve o curador. “Podemos afirmar com certeza que a incerteza presidirá as futuras décadas, quer se trate dos eventos escatológicos que alguns prevêem para o futuro próximo ou as crises e mudanças sociais, ecológicas, econômicas e políticas por que o mundo está passando.”
Temas para reflexão e trabalho
A partir dessa primeira premissa, temas como Subjetividade, Fantasmas, Inteligência Coletiva, Sinergia, Ecologia e Medo estruturarão o desenvolvimento da proposta curatorial, procurando estabelecer um díalogo com grandes questões da atualidade: mudança climática, perda da diversidade, a extinção, igualdade social, diferenças culturais, exaustão do capitalismo e da governança tradicional de cima para baixo, e também os mitos, tradições, linguagem e modelos alternativos de educação.
Residências e Wokshops
Residências e Bolsas de Pesquisa no Brasil e no exterior possibilitarão que artistas convidados desenvolvam projetos específicos em contato estreito com correspondentes e especialistas associados de muitos campos. Uma série de Programas e Seminários Públicos será organizada ao longo do ano de 2016 para apresentar e discutir tematicamente os aspectos chaves do projeto global, entre várias disciplinas e formas de arte. Parte dos trabalhos comissionados serão obras digitais, projetos que poderão ser vivenciados online por qualquer pessoa. A proximidade dos processos de produção resultará em uma exposição que permanecerá mais próxima dos sítios de criação e educação (o ateliê, a oficina).
Seguindo a iniciativa da 31ª Bienal de São Paulo, também em 2016 será organizado um Workshop Curatorial, aberto a artistas, curadores, críticos e outros profissionais. A equipe curatorial da 32ª Bienal de São Paulo, em conjunto com especialistas nacionais e internacionais, desenvolverá o programa de estudos e realizará os encontros.