A revista Urbânia 5 foi desenvolvida como um dos projetos artísticos da 31ª Bienal e reúne práticas de educação contra-hegemônicas / de educação para a autonomia. A revista impressa tem quase 300 páginas e os conteúdos são organizados em oito seções: Contraescolas; Currículo escondido ou Pelas frestas dos portões; Somos todas diferentes; Outra universidade; Contraespaços de aprendizado; Onde foi parar a brincadeira livre?; Educar é não caber; e Mediação institucional e mediação extrainstitucional. Na base deste projeto editorial está a noção de educação democrática. As escolas democráticas são, de modo geral, escolas nas quais as e os estudantes participam das decisões sobre o funcionamento da escola e nas quais as e os estudantes escolhem o que e como querem pesquisar, com a orientação e o suporte das e dos professores.
Ocorre que, tratando-se das escolas democráticas, nada pode ser afirmado "de modo geral". Cada escola que se pretende democrática é única. Essas escolas guardam características comuns e muitas só existem porque um dia foram inspiradas por outras, já existentes. Mas, para as editoras da revista Urbânia 5, não há uma forma fechada para a democracia. A democracia, para ser democracia, precisa estar sempre se aperfeiçoando. O movimento de educação democrática reúne experiências educativas formais e "desobedientes", estruturadas como invenções coletivas que instituem seus próprios mecanismos, conceitos e valores e cuja finalidade é a construção cooperativa do conhecimento.
Lançar a revista na última semana da 31ª Bienal foi uma das formas encontradas para explicitar que ela irá existir a partir da exposição, mas para além da exposição. A distribuição imaginada para a revista não é endereçada a uma audiência genérica ou desconhecida, ou ao "mundo da arte", mas especialmente aos próprios indivíduos e coletivos colaboradores, que tomarão parte nessa distribuição. Isto não significa privar visitantes da Bienal de ter contato com a revista. A revista estará também nesse contexto, ao menos na última semana e, ao longo de 2015, nas itinerâncias da exposição por outras cidades. Mas significa, fundamentalmente, que a revista irá circular entre as escolas indígenas do Alto do Rio Negro, na Amazônia; que estará nas bibliotecas das escolas do campo, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); que poderá ser usada por educadoras e educadores com meninas negras, carentes de histórias de princesas que se pareçam com elas, para formar a sua identidade e fortalecer a sua autoestima; e que irá passar de mão em mão entre estudantes organizados em grêmios no ensino médio, entre outros. A ideia é que os próprios colaboradores usem a revista para compartilhar as suas experiências e para aprender, uns com as práticas educativas dos outros.
Na manhã do dia 6 de dezembro, na Área Parque da Bienal, as coeditoras farão uma conversa pública sobre educação democrática e irão projetar a revista inteira em um telão, apresentando/introduzindo os diferentes conteúdos. Segue, abaixo, a capa e o índice completo da publicação.
Revista Urbânia 5
Editora responsável: Graziela Kunsch
Coeditora convidada neste número: Lilian L'Abbate Kelian
Projeto gráfico: Vitor Cesar, com Frederico Floeter e assistência de Deborah Salles
ISSN: 1982-856X
São Paulo: Editora Pressa, 2014.
Obra comissionada pela 31ª Bienal, "Como (...) coisas que não existem".
Índice da revista Urbânia 5
Editorial. Graziela Kunsch
CONTRAESCOLAS
Linha do tempo da educação democrática. Lilian L'Abbate Kelian
Aprendizagem pluralista - o aprendizado num mundo democrático. A busca pela originalidade pessoal. Yaacov Hecht
CIEJA Campo Limpo: escola transformadora de estruturas e trajetórias. Helena Singer
Lampejos de uma experiência de educação que reconhece a diversidade. André Gravatá
A importância do questionamento para a Escola Politeia. Equipe da Escola Politeia
Entrevista com André Fernando Baniwa sobre a Escola Indígena Baniwa e Coripaco Pamáali, em Alto do Rio Negro. Ana Lucia Pontes
As escolas do campo. Setor Nacional de Educação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
CURRÍCULO ESCONDIDO OU
PELAS FRESTAS DOS PORTÕES
O Movimento Passe Livre nas escolas. MPL São Paulo, Carolina Cruz (MPL Floripa) e Manolo (Tarifa Zero Salvador), com ilustrações de Laura Viana e Tiago Judas
Projeto de ônibus Tarifa Zero na 31ª Bienal. Graziela Kunsch
O MAL EDUCADO. Coletivo O MAL EDUCADO
Currículo oculto. Annette Krauss
Espaços de aprendizado inesperado. Annette Krauss, Emily Pethick e Marina Vishmidt
Minha história, contada por eles. Natália Lobo - revista Capitolina
Escola sem homofobia. Maria Helena Franco, Vera Lúcia Simonetti Racy e Maria Cecília Moraes Simonetti
SOMOS TODAS DIFERENTES
Versos para famílias de todos os tipos, cores e tons! Anna Dulce, com ilustrações de Aline Paes
Fotografando e narrando saberes: a educação nos cotidianos dos terreiros. Stela Guedes Caputo e Nilda Alves
Vamos soprar os dentes de leão. Stela Guedes Caputo
Um mito de presente para você: tecendo as memórias femininas ancestrais afro-brasileiras. Kiusam de Oliveira, com ilustrações de Josias Marinho
Construindo um espaço educacional afastado do racismo. Ana Caroline da Silva de Jesus e Whellder Guelewar
Classe Idade Média. Kiko Dinucci
Clandestinas. Andrea Dip
Na hora de fazer não gritou. Andrea Dip
Quando a mulher não se pertence: o aborto, o parto e o direito ao corpo. Helena Zelic, Beatriz Trevisan, Gabriella Beira, Priscylla Piucco e Bárbara Fernandes - revista Capitolina
Como atender um parto humanizado, passo a passo. Ana Cristina Duarte
No registro da cultura. Carlos Fausto
Perguntas para abrir o mundo. Sofia Cupertino e Ricardo Jamal + trechos do livro Cantos tikmũ’ũn para abrir o mundo (Organização de Rosângela Pereira de Tugny. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013).
OUTRA UNIVERSIDADE
De tudo aquilo que não sabemos. Nádia Recioli
A história da minha vida: o caminho de um Guarani. Eliel Benites Kunumi Rendyju
Replantando raízes: o índio que está vivo em mim. Gilberto Machel
A trilogia do bem comum: as três últimas edições do Festival de Inverno da UFMG
Territórios do sensível: primeiros passos da Universidade Federal do Sul da Bahia. Eloisa Domenici, Augustin de Tugny e Rosângela Pereira de Tugny
Escolhas do olhar. Gabriel Menotti
Salários para estudantes. Estudantes de Salários para Estudantes + Jakob Jakobsen e María Berríos
READ-IN: Manual de grupo de leitura coletiva. Read-In.
CONTRAESPAÇOS DE APRENDIZADO
Processos de projeto como construção de autonomia. USINA
A cidade que (des)construímos. Comboio
ONDE FOI PARAR A BRINCADEIRA LIVRE?
O tédio em crianças. Clarice Kunsch
Árvore é pessoa, não é palavra! Uma brincadeira entre mães e crianças. Cibele Lucena e Joana Zatz Mussi
EDUCAR É NÃO CABER
Anotações sobre uma certa inclinação educativa em de uma trajetória (supostamente) artística. Jorge Menna Barreto
Pela vocação ruidosa do artista na cidade: um texto-disputa disparado por quatro artistas que integram o Programa Vocacional da Secretaria Municipal de Cultura da cidade de São Paulo. Carolina Nóbrega, Luiz Claudio Cândido, Pedro Felício e Tatiana Guimarães
MEDIAÇÃO INSTITUCIONAL E MEDIAÇÃO EXTRAINSTITUCIONAL
"Bastará que os educadores se interroguem". Aldo Victório Filho, Carolina Sumie Ramos, Cayo Honorato, Elaine Fontana, Graziela Kunsch, Helena Singer, Jorge Menna Barreto, José Pacheco e Lilian L'Abbate Kelian
Mediação extrainstitucional. Cayo Honorato
Episódios contrapúblicos. Diogo de Moraes
MATERIALISMO EDUCATIVO DA BIENAL DE SÃO PAULO (CAPITAL):
a teoria crítica como prática educativa. Carolina Oliveira, Rachel Pacheco e Thauany Freire
Sem título. Um grupo de educadores da 31ª Bienal
Relatório do Educativo da 31ª Bienal. Paulo Delgado
Como ensinar coisas que não existem. Ricardo Baitz
Autoformação de educadores na 31ª Bienal de São Paulo. Danielle Sleiman, Dione Pozzebon, Dora Correa, Elaine Fontana, Graziela Kunsch, Júlia Lotufo, Paulo Delgado, Lilian L'Abbate Kelian, Ricardo Ramos e Thiago Gil
Arte, educação, classe. Pablo Lafuente
Errar à censura. Loreto Garin Guzman e Federico Zukerfeld (Etcétera...)
Assunto: CENSURA NA BIENAL DE ARTE DE SÃO PAULO. Mujeres Creando e outros