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Com novo fôlego promovido por uma Diretoria comprometida com a renovação institucional, a Bienal inaugurou sua 29ª edição com um projeto educativo permanente e uma ampla programação paralela. Privilegiando obras de cunho político, a curadoria de Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos destinou cerca de 400 atividades a seis espaços conceituais intitulados Terreiros, e estabeleceu como tema um verso de um poema de Jorge de Lima: "Há sempre um copo de mar para um homem navegar". Causou polêmica a instalação Bandeira branca (2010), de Nuno Ramos, com urubus vivos voando pelo vão central do pavilhão, acompanhados por uma montagem de sons do cancioneiro nacional.

Presidente da Bienal: Heitor Martins
Curadores-chefes: Agnaldo Farias e Moacir dos Anjos
Curadores-convidados: Chus Martinez (Espanha), Fernando Alvim (Angola), Rina Carvajal (Venezuela), Sarat Maharaj (África do Sul/Inglaterra), Yuko Hasegawa (Japão)

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"(...) a 29ª Bienal de São Paulo tem a questão política como a principal coordenada de seu plano de navegação. Apresentando o impressionante número de 159 artistas de todos os continentes, a perspectiva curatorial coloca a questão política de uma maneira mais ampla. Essa noção é interpretada no sentido de que toda forma de arte é política já que arte pode modificar a percepção da realidade. (...) A instalação que talvez tenha um grau maior de abordagem política é 'Arroz e feijão' (1979/2007) de Anna Maria Maiolino. Trata-se de uma obra criada durante a ditadura brasileira, constituída por uma mesa preta comprida, primorosamente posta para uma refeição. No conjunto de pratos encontramos terra no lugar da comida onde sementes de feijão e arroz, os componentes principais da cozinha brasileira, crescem. A artista debruça-se sobre a questão do nacionalismo promovido pelo governo militar colocando ícones da identidade nacional brotando da terra para alimentar o povo".

MENEZES, Caroline. "Navegação segura, 29ª Bienal de São Paulo". In 30 x bienal: transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição. Curadoria de Paulo Venâncio Filho. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2013, p.199

"Para começo de conversa, e como aproximação ao problema, quero lembrar que "Bandeira Branca" não é um trabalho de ecologia, nem eu sou especialista em aves de rapina, assim como "Guernica" de Picasso não é apenas um trabalho sobre a Guerra Civil Espanhola, nem Picasso um historiador. Por isso utilizei os serviços de uma entidade ecológica, o Parque dos Falcões, e obtive, tanto na montagem em Brasília, em 2008, quanto em São Paulo, autorização do órgão legal em meu país para esses assuntos. Ou a lei não vale para todos? Tratar meu trabalho como crime e a mim como criminoso é fazer o que fazia a direita franquista, ao chamar "Guernica" de quadro comunista, ou a aristocracia francesa da segunda metade do século 19, quando ameaçava retalhar a "Olympia", de Manet, em nome dos bons costumes. O que me foi negado com a criminalização do meu trabalho foi a possibilidade de um sentido - o sequestro, digamos, de qualquer sentido que ele pudesse propor. E é contra isso, mais do que contra a boataria e a calúnia, que escrevo hoje".

RAMOS, Nuno. "Bandeira Branca, amor". Folha de S. Paulo, Ilustríssima, 17 out. 2010

"As obras que a OAB-SP sugere ocultar [da Bienal] fazem parte da série 'Inimigos', de Gil Vicente. São desenhos grandes (2 m por 1,5 m) feitos com carvão, nos quais o artista se retrata assassinando autoridades e figuras públicas. (...) Segundo a OAB-SP, as obras demonstram "desprezo pelo poder instituído, incitando ao crime e à violência". (...) Pela lógica de seu argumento, o presidente da OAB-SP considera que representar artisticamente um crime equivale a recomendar sua execução. No entanto, retratar um assassinato não significa fazer apologia ao crime. É o espectador quem dará significado aos desenhos de Vicente. A obra de arte é apenas uma representação que adquire valor subjetivo para quem a observa".

PORTO, Alexandre Vidal. "Pedido da OAB-SP é ato assustador de censura". Folha de S. Paulo, Opinião, 21 set. 2010

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