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Para a 33ª Bienal de São Paulo – Afinidades afetivas, o curador geral espanhol Gabriel Pérez-Barreiro propôs uma mudança no que chamou de sistema operacional da Bienal. Para isso, convidou sete artistas para curar exposições ao seu lado. O resultado foram exposições coletivas nas quais as obras desses artistas-curadores foram apresentadas ao lado de trabalhos de outros artistas com os quais têm afinidades ou que os influenciam. Pérez-Barreiro também selecionou outros doze artistas para os quais foram montadas mostras individuais. Dentre eles, três homenageados, já falecidos e desconhecidos do grande público: a brasileira Lucia Nogueira, o paraguaio Feliciano Centurión, e o guatemalteco Aníbal López. Com expografia fluida e espaços de respiro, a mostra ainda centrou-se na questão da economia da atenção, que se tornou difusa na era digital e das mídias sociais.

Presidente: João Carlos de Figueiredo Ferraz
Curador geral: Gabriel Pérez-Barreiro
Artistas-curadores: Alejandro Cesarco, Antonio Ballester Moreno, Claudia Fontes, Mamma Andersson, Sofia Borges, Waltercio Caldas, Wura-Natasha Ogunji
Conselho curatorial: Antonio La Pastina, Jacopo Crivelli Visconti
Curadores convidados: Gabriela Saenger Silva (Aníbal López), Norman Brosterman (Friedrich Fröbel)
Curadora-assistente: Laura Cosendey

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“Com este modelo, espero mostrar como os artistas constroem suas genealogias e sistemas para entender suas próprias práticas em relação às de outros artistas, permitindo ao mesmo tempo que os temas e as relações surjam organicamente do processo da feitura da exposição, em vez de partir de um conjunto predeterminado de questões. Essa escolha também reflete um desejo de reavaliar a tradição dos artistas como curadores, que é uma parte central da história da arte moderna e contemporânea e também particularmente relevante no Brasil, onde os artistas há muito tempo organizam suas próprias plataformas discursivas”.

PÉREZ-BARREIRO, Gabriel. “Afinidades afetivas”. In: Catálogo da exposição 33ª Bienal de São Paulo – Afinidade afetivas. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2018, p.62.

“Talvez não haja campo em que tenham ficado mais evidentes as mudanças acarretadas pela proposta curatorial da 33ª Bienal quanto o programa educativo, que articula todas as equipes da Fundação, a curadoria e consultorias especializadas. Nesta edição, teorias e práticas de investigação da atenção, da escuta, do comum e do afeto no contato com a arte são os objetos de pesquisa. A publicação educativa Convite à atenção deslocou-se do usual foco no espaço institucional da escola e propôs um conjunto de exercícios que convidam a experimentar e compartilhar práticas de atenção sustentada e autorreflexiva a obras de arte em diversos contextos. Ao longo de 2018, um programa de ações de difusão vem promovendo diferentes formatos de experimentação dessa proposta”.

FUNDAÇÃO BIENAL DE SÃO PAULO. “A construção da 33ª Bienal”. In: Catálogo da registro 33ª Bienal de São Paulo – Afinidade afetivas. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2018, p.69.

“Pérez-Barreiro justifica sua opção com uma frase atribuída ao crítico Mário Pedrosa: ‘Em tempos de crise, fique do lado dos artistas’. Ou das obras. E sobretudo dê-lhes a chance de revelar o que talvez ainda não tenha nome, não tenha passado por sua cabeça e não corresponda nem ao que você esperava nem aos consensos e aos discursos com os quais está acostumado. Talvez venha daí a impressão de anacronismo, de volta a um tempo anterior à hegemonia dos projetos curatoriais. Nesse sentido, é exemplar o texto de Waltercio Caldas na abertura do espaço que ele concebeu com obras suas e de artistas que compõem suas afinidades eletivas (ou afetivas, como quer a divisa tão maleável desta Bienal): ‘É sempre bom lembrar que as verdadeiras obras de arte ignoram qualquer discurso que as desvirtue, e são suficientemente eloquentes para desautorizar interpretações oportunistas’”.

CARVALHO, Bernardo. “Seleção da Bienal entende a arte como produtora de conhecimento e sentido”, Folha de S.P., 23 set. 2018.

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