O arquiteto alemão fundador da Bauhaus, Walter Gropius, considerado um dos quatro maiores arquitetos da primeira metade do século 20, junto a Frank Lloyd Wright, Le Corbusier e Mies van der Rohe, participou da 2ª Bienal (1953). Nessa época, Gropius já vivia e trabalhava nos Estados Unidos há quase vinte anos, como diretor do curso de arquitetura da Universidade de Harvard. Com uma sala especial na seção de arquitetura, Gropius recebeu o prêmio (de Cr$ 300.000) do júri especial da edição:
A documentação dessa Bienal possui uma carta de Gropius para o casal Matarazzo agradecendo o prêmio, a hospitalidade dos anfitriões e ressaltando a importância do trabalho realizado pelo casal com a exposição. E termina contando o trajeto da sua próxima jornada: Havaí, Austrália, Filipinas, Japão e Índia:
Yolanda Penteado conta em seu livro autobiográfico Tudo em cor de Rosa parte da experiência com o casal Gropius no Brasil:
"Fui com os arquitetos a Minas Gerais. Havia muita poeira nas estradas. Chegamos à noite. Quando tiramos os óculos, os olhos eram o único lugar branco do rosto. Juscelino Kubitschek, o Governador e D. Sara ofereceram um jantar alegre no Palácio das Mangueiras (sic). Seus amigos fizeram uma serenata. Os arquitetos perguntaram se eram sempre assim os jantares oficiais: adoraram".
No dossiê do artista encontramos, entre catálogos e recortes de jornais, um encarte muito especial do Saturday Evening Post, com o número 10 da série "Adventures of the Mind", escrito por Gropius em 1958, cinco anos depois da sua vinda à Bienal.
Nós provamos a todos os povos da Terra que é possível a uma nação enérgica elevar seus padrões cívicos e materiais a uma altura inimaginável. O exemplo foi estudado zelosamente. Outras nações estão ansiosas por adotar a nossa fórmula mágica. - Walter Gropius
Intitulado "The Curse of Conformity" (A maldição da conformidade), o artigo faz refletir bastante sobre esse momento de crise mundial e o crescimento econômico vivido pelo Brasil. Já começa prometendo:
"Ainda que a técnica americana seja a inveja do mundo, o 'American Way of Life' não recebe o mesmo respeito incondicional no exterior. Nós provamos a todos os povos da Terra que é possível a uma nação enérgica elevar seus padrões cívicos e materiais a uma altura inimaginável. O exemplo foi estudado zelosamente. Outras nações estão ansiosas por adotar a nossa fórmula mágica. No entanto, ainda estão relutantes em aceitar a ideia de que a marca da tecnologia americana fornece realmente um modelo ideal para viver bem. Com razão, pois inclusive nós mesmos estamos começando a suspeitar que a abundância econômica e a liberdade cívica talvez não sejam suficientes. Onde foi que falhamos?"