menu
busca
Sala Xingu Terra
16 Abr 2012
,
Pesquisa relembra a primeira participação indígena nas Bienais de São Paulo

Na 13ª Bienal, em 1975, a sala Xingu Terra foi novidade, ocupando 200 m2 no terceiro piso do Pavilhão. A ideia surgiu no Xingu, com a fotógrafa Maureen Bisiliat e o sertanista Orlando Villas-Bôas, um dos responsáveis pela criação do Parque Nacional do Xingu.

13BSP_CLIPPING_xingu_aritana.jpg
O Estado de São Paulo, 14 out. 1975
O público que visitar este ano a Bienal de S.Paulo terá a surpresa de encontrar uma excepcional exposição de temas e objetos indígenas do Alto Xingu. Poderá haver quem pergunta se há lógica em incluir uma exposição como esta numa Bienal de Artes Plásticas. Talvez não haja mesmo lógica - mas quem resiste? - José Mindlin

O cacique Aritana veio para São Paulo e participou da montagem da sala desde o início. Além da coleção particular de arte indígena de Villas Bôas e das fotografias de Bisiliat, "Aritana construiu uma autêntica maloca com cipós, madeiras e folhas de palmeiras, tudo procedente das próprias matas do Xingu", observa o arquiteto Fernando Lion, citado no livro As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987, de Leonor Amarante, que completa: "A intenção dos organizadores era criar um ambiente semelhante ao habitat do índio xinguano. No interior da maloca se podiam ouvir cânticos, conversas de pescaria e caçadas, sons do cotidiano. Dispensou-se até mesmo a luz artificial, que comprometeria o objetivo do projeto".

"Após permanecer o tempo todo na Bienal e percorrer diariamente os três andares do pavilhão", Aritana disse: "Não achei graça em nada, mas meus companheiros da tribo vão morrer de rir quando mostrar as fotos de tantos objetos inúteis". Vale lembrar que, na sociedade indígena, estética e utilidade são indissociáveis em um objeto.

Diante de questionamentos sobre a escolha deste segmento numa Bienal de arte, o então secretário da cultura do Estado de São Paulo, José Mindlin, escreveu na primeira página do catálogo Xingu Terra:

mindlin.jpg
13BSP_CLIPPING_xingu_geisel.jpg
Ernesto Geisel cumprimenta o cacique Aritana na sala Xingu. Jornal da Tarde (1 de novembro de 1975)
Capa do catálogo da Sala Xingu Terra, disponível para consulta no Arquivo Bienal