Se hoje a montagem de uma Bienal reúne esforços e números impressionantes, imagine como foi na sua primeira edição, em 1951. Naquela época, realizar uma Bienal era uma novidade, os organizadores não tinham experiência e simplesmente não havia equipes especializadas em produção a quem recorrer. Conforme conta a jornalista Leonor Amarante em seu livro As bienais de São Paulo – 1951 a 1987, a saída foi aprender na prática. Os organizadores "decidiram então se acercar de jovens artistas para a tarefa de montagem. Assim, foram recrutados Aldemir Martins, Frans Krajcberg, Carmélio Cruz e Marcelo Grassmann, que se juntaram a Guimar Morelo" – o principal responsável pela montagem das Bienais até seu falecimento, em maio de 2001.
Foi Morelo quem declarou para Amarante: "Tudo para nós era novo e delirante, embora eu já tivesse montado exposições no MAM. Não havia cronograma na 1ª Bienal e as coisas poderiam começar pelo fim para chegar ao meio ou ao início. O prédio do Trianon ainda estava sem portas e, com isso, eu e o Aldemir não podíamos ir para a casa, revezávamo-nos dormindo entre as obras".
O artista Aldemir Martins continua: "Todo mundo acabava se envolvendo. Lourival Gomes Machado e até René d'Harnoncourt, diretor do MoMA de Nova York, arregaçavam as mangas e nos ajudavam. Era emocionante tocar nos originais de Léger, Morandi, Picasso."
O fotógrafo alemão Peter Scheier registrou a primeira edição e seus bastidores. Suas imagens mostram que o trabalho dos montadores permitiu que mais de 1800 obras fossem expostas e que a 1ª Bienal fosse um marco divisor, situando São Paulo – e o Brasil – no mapa das artes do mundo: