O estadunidense Keith Haring, considerado o discípulo mais próximo de Andy Warhol, participou da 17ª Bienal (1983). No dossiê do artista consta sua ficha de inscrição e currículo:
Em 1982, com telefones e rádios, computadores e aviões, telejornais e videotapes, satélites e automóveis, os seres humanos continuam tão assustados como há dois mil anos. - Keith Haring
Um recorte do jornal O Globo (26 de julho 1996) apresenta uma matéria sobre o lançamento do Diário de Keith Haring, no mesmo ano. Nele, um depoimento de Haring, em 18 de março de 1982, um ano antes da sua participação na Bienal:
"Tendo nascido em 1958, num mundo de tecnologia televisiva e imediato reconhecimento, sou filho da era atômica. Cresci na América dos anos 60 e aprendi sobre a guerra do Vietnã em revistas como Life. Vi as manifestações de rua pela televisão, numa confortável e segura sala de estar da classe média branca americana. Não acredito em soluções. As coisas estão além do meu controle e de minha compreensão. Não tenho sonhos de mudar o mundo. No entanto, vivo nesse mundo e sou um ser humano. Em 1982, com telefones e rádios, computadores e aviões, telejornais e videotapes, satélites e automóveis, os seres humanos continuam tão assustados como há dois mil anos. Sinto medo da morte."
Keith Haring morreu em 1990, aos 31 anos, por complicações decorrentes da Aids.
"Penso ter nascido para ser um artista. Acredito ter a responsabilidade de viver para isso. Moro agora em Nova York, que creio ser o centro do mundo. Minha contribuição para este mundo é minha habilidade para o desenho. Desenharei tanto quanto puder, tanto quanto for possível. O ato de desenhar é basicamente o mesmo desde os tempos pré-históricos. Permanece como mágica.", Keith Haring. (do New York Times, em O Globo, 26 de junho de 1996)