Primeira publicação relacionada à exposição, o material educativo Incerteza Viva - Processos Artísticos e Pedagógicos – 32ª Bienal de São Paulo foi lançado pela Fundação Bienal em evento para educadores e entidades parceiras no dia 5 de abril. Com dez mil exemplares, a publicação organizada pelo curador da 32ª Bienal Jochen Volz e pela educadora e escritora Valquíria Prates será distribuída gratuitamente nos próximos meses em ações de difusão, encontros com professores e visitas agendadas durante a exposição. Uma versão digital está disponível para download no site materialeducativo.32bienal.org.br
“A Bienal reafirma o entendimento de que sua atuação pode se estender para além do tempo e do espaço da exposição. Entendimento este que a tem levado, nas últimas décadas, a uma aproximação cada vez maior com uma parcela significativa de seu público – educadores e estudantes – ampliando o acesso à informação e à reflexão sobre arte contemporânea na formação das novas gerações”, explica o presidente da Fundação Luis Terepins.
A 32ª Bienal, com curadoria de Jochen Volz e dos co-curadores Gabi Ngcobo (África do Sul), Júlia Rebouças (Brasil), Lars Bang Larsen (Dinamarca) e Sofía Olascoaga (México) será realizada de 10 de setembro a 11 de dezembro de 2016 no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, reunindo cerca de 90 artistas e coletivos do mundo todo. Da concepção à produção, a publicação educativa resulta de um amplo trabalho conjunto entre a curadoria e todas as equipes da Fundação Bienal. No segundo semestre de 2015, professores e educadores sociais foram convidados a se juntar para um workshop colaborativo.
“Desde logo identificamos que seria interessante examinar a noção de incerteza de uma série de pontos de vista distintos porém complementares (…) Esta publicação e também a pesquisa curatorial estarão consequentemente estruturadas em torno de temas como incerteza e narrativas, incerteza e cosmologia, incerteza e ecologia e incerteza e educação”, destaca o curador Jochen Volz.
“Precisamos de uma reviravolta na narrativa da nossa própria espécie. O que nos relatam do nosso passado glorifica apenas os grandes feitos e as históricas conquistas. Na verdade, a humanidade sobreviveu porque sabia do valor da certeza mas, ao mesmo tempo, foi capaz de questionar as suas próprias convicções” - Mia Couto
Pensado como um fichário a fim de que cada professor/educador possa se apropriar e complementar o conjunto, tirando ou acrescentando cadernos, fazendo cópias, etc. a publicação agrupa relatos reflexivos dos professores em primeira pessoa, textos sobre a obra de 12 artistas que farão parte da mostra e textos de autores convidados – Rodrigo Nunes, Virginia Kastrup, Milene Rodrigues Martins e Mia Couto.
“Precisamos de uma reviravolta na narrativa da nossa própria espécie. O que nos relatam do nosso passado glorifica apenas os grandes feitos e as históricas conquistas. Na verdade, a humanidade sobreviveu porque sabia do valor da certeza mas, ao mesmo tempo, foi capaz de questionar as suas próprias convicções”, escreve Mia Couto em sua reflexão sobre Incerteza e Narrativa.
Registro de atividade realizada por Ana Helena Grimaldi como parte do workshop para elaboração do material educativo da 32ª Bienal, e que integra o relato no texto "Arte na medida" do livro “Incerteza Viva – Processos artísticos e pedagógicos na 32ª Bienal de São Paulo”. © Ana Helena Grimaldi
"Os alunos expuseram os medos que cercam suas escolhas pessoais – que vão na contramão da instituição e de seus professores – e um pensar mais profundo sobre suas relações com os espaços e as pessoas com as quais se encontram diariamente", reflete o professor Paulo Lorenzetti
Registro de atividade realizada por Marcos Felinto como parte do workshop para elaboração do material educativo da 32ª Bienal, e que integra o relato no texto "Uma criação coletiva entre livros" publicado no livro “Incerteza Viva – Processos artísticos e pedagógicos na 32ª Bienal de São Paulo”. © Marcos Felinto
Sobre o exercício que elaborou no workshop em torno dos mapas de salas nas escolas, o professor Paulo Lorenzetti reflete: "percebi que esta atividade tem grande potencial de discussão, tomada de consciência, construção e desconstrução de conhecimentos e sentidos de experiência, pois lida diretamente com o dia a dia dos alunos. A proposição trouxe à tona questões ligadas às relações de poder entre professores e alunos, à falta de autonomia e à consciência das decisões tomadas na escola. Os alunos expuseram os medos que cercam suas escolhas pessoais – que vão na contramão da instituição e de seus professores – e um pensar mais profundo sobre suas relações com os espaços e as pessoas com as quais se encontram diariamente".