“[…] a Bienal uma vez mais surtia efeito. Trazia o debate à tona, forçava os próceres das posições estéticas a tirar suas máscaras, demonstrando suas razões ou seus argumentos. As comparações não eram mais “abstratas”, as obras de todos os indiciados no processo de se pensar a arte em movimento estavam ali, à frente de quem quisesse vê-las. O efeito doméstico era imediato. Já não se podia mais discutir arte brasileira (ou seja lá de onde fosse) da mesma maneira que antes”.
ALAMBERT, Francisco e CANHÊTE, Polyana. As Bienais de São Paulo da era do Museu à era dos curadores (1951-2001). São Paulo: Boitempo Editorial, 2004, p.75
“Na premiação da IV Bienal, uma das surpresas foi Chagall não ter sido eleito, apesar de suas obras terem chegado em meio a grande expectativa, precedidas por ampla divulgação do prestígio do pintor. Parecia que o Grande Prêmio estava garantido para ele, mas quem o recebeu foi o italiano Giorgio Morandi. Isso despertou controvérsias por parte de alguns setores, que comentavam que essa premiação tinha fugido ao espírito da Bienal, uma vez que ela deveria ser de incentivo ao absolutamente moderno, e Morandi inseria-se numa certa atemporalidade, embora de profunda sutileza plástica. Contente com o prêmio, Morandi ofereceu a Yolanda subvenção em apólices, cabendo à direção do MAM-SP tentar vendê-las para cobrir as despesas da Bienal”.
MENDES, Liliana. Pesquisa Ciccillo Matarazzo, Vol. 1. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994, pp.19-20
“Um corte visceral de 84% das obras inscritas; Aldo Bonadei ameaçando colocar fogo em seus quadros recusados; Flávio de Carvalho exigindo o fim da mostra; a tentativa de se fazer uma “Bienal dos Recusados”; nomes premiados sendo contestados… Assim foi inaugurada em outubro de 1957 a 4ª edição, uma das mais tumultuadas de toda a história da Bienal Internacional de São Paulo”.
AMARANTE, Leonor. As Bienais de São Paulo / 1951 a 1987. São Paulo: Projeto, 1989, p.72