“Bienal é Babel. (…) A última tragédia da América, quando finalmente parece que desperta, seria continuar imitando a Europa, e imitá-la também em seus esquecimentos: assim, alguns pretendem que as bienais da América sejam feitas mentalmente a partir de fora, e que, porque a Europa ou as nações dominantes do Atlântico Norte não recuaram em seu empenho, para seu próprio benefício de esquecer o mundo, agora devemos, como eles, herdando as culpas de um esquecimento que não é nosso, pretender ser globais, também e sempre para seu próprio benefício. Em compensação, seria importante aprender a ser locais, a estar situados: a reivindicar um lugar no mundo, a pensar a partir de um lugar, e não como carnavalescas figuras da inteligência, em mascarada, a partir de todos os lugares: falácia como poucas que nos conduz à ilusão de crer que vencemos para sempre as distâncias, as diferenças e os tempos”
ORAMAS, Luis Pérez. “A iminência das poéticas (ensaio polifônico a três ou mais vozes)”. In Catálogo da 30ª Bienal de São Paulo: A iminência das poéticas. Curadores Luis Pérez-Oramas… [et al.]. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 2012, pp.27-28
“Iminência das Poéticas” seria a forma como artistas ou pessoas comuns como Arthur Bispo do Rosário estruturam uma nova possibilidade de olhar a realidade, um típico procedimento da arte contemporânea. (…) Com isso, o curador Luiz Pérez-Oramas organizou uma Bienal que evita o espetacular, no sentido do apelativo, para revelar o espetacular nas ações cotidianas, recriadas por uma intensão [sic] artística ou simplesmente paranoica”.
CYPRIANO, Fabio. “Bienal revela delírios contidos e brilha pelo conjunto da obra”. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 14 out. 2012
“(…) o projeto desenvolvido pelo curador Luis Pérez-Oramas não apenas abole compartimentações, como as representações nacionais e as salas especiais dedicadas a artistas consagrados. Também procura anular as hierarquias históricas e geopolíticas entre os artistas representados. Quase metade dos selecionados são latino-americanos, incluindo aí os 23 brasileiros convidados. Estes, por sua vez, estão, em sua grande maioria, na Bienal pela primeira vez. (…) A obsessão com a catalogação, registro e ordenação da diversidade é identificada por Oramas como uma característica central da arte contemporânea e constitui um dos mais fortes eixos da exposição”.
HIRSZMAN, Maria. “A arte como sistema visual”. O Estado de S. Paulo, Caderno 2, 02 set. 2012